6 de jun. de 2009

Oco



OcO é o resultado de uma pergunta: o que está entre, no meio disto e daquilo, entre este e aquele. É uma visão sobre a materialidade do corpo, dos movimentos, do som, da luz, num ambiente gerado pelos mesmos sons, luzes, movimentos e corpos. Onde se encontra o limite, a borda que determina o existir de alguma coisa?

O grupo Minik Momdó responde a esta questão com um trabalho no qual o humano passa a ser o oco possível de se experimentar. Não há outro aparelho para traduzir a realidade, apenas o corpo e sua história, suas representações e sensações, um corpo envolto em cascas e roupas, enfeitado de gestos e coisas. O OcO do humano é seu som, sua voz ressonante. As palavras são gestos da mente que surgem do oco do corpo. Num tempo de aceleração dos meios de comunicação e expressão, o silêncio da escuta é o OcO possível e dentro dele o oco vazio da existência circunstanciada. Moldes, próteses, imagens, modas, pensamentos e embalagens são o invólucro da insubstancialidade do humano.

Retornando ao tema da procissão em Véus, o espaço aqui se relativiza, sendo o foco que gera a própria dança. Os elementos cênicos nos remetem ao universo celular da reprodução de formas simples, no âmbito da natureza da matéria, no tom da potência para a luz: branco ou o brilho colorido do plástico que usamos no cotidiano e que imprime em nossos gestos uma logomarca, um invólucro que nos identifica e se imbrica em nossa imagem subjetiva. Cenas coletivas acontecem num espaço branco, que se colore nas cenas individuais.

Explorando a linguagem híbrida da instalação, o espetáculo se apresenta em cenas simultâneas e interações que determinam um espaço fragmentado pela percepção possível de um processo entrópico de criação. Excesso e acaso são os elementos constitutivos desta versão da realidade das culturas - no sentido biológico das bactérias e fungos - e das civilizações.

OcO estreou em 2009 e foi apresentado em vários municípios do estado de São Paulo ao longo do ano, tendo sido contemplado pela III edição do Programa de Fomento à Dança da cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura, pelo Programa de Ação Cultural (PAC) da Secretaria de Estado da Cultura e Premio Klauss Viana Funarte/ Ministério da Cultura 2008.












Ficha Técnica:

1ª. montagem:

Concepção e direção: Maria Mommensohn

Iluminação: Décio Filho

Figurinos: Marina Reis

Cenografia: Jorge Constantino

Música original: Caco Faria, Beatriz Thomaz, Fernanda Veiga, Alan Scherk

Vídeo Instalações: Márcio Marques

Performers: Andrés Perez Barrera, Eugênio Bruck, Fabíola Camargo, Fernando Delabio, Gustavo Torres, Leonardo D'Aquino, Luis Carlos Zabel, Mariana Delgado, Thaís Ponzoni, Vanessa Carvalho, Marcio Marques


Montagem PAC:

Concepção e direção: Maria Mommensohn

Performers: Andrés Pérez Barrera, Gustavo Torres, Leonardo D'aquino, Marcio Marques, Samarone Gonçalves

Participação em vídeo: Júlia Moretti, Letícia Scalise

Trilha sonora: Caco Fariz, Beatriz Thomaz, Fernanda Veiga

Cantoras: Beatriz Thomaz, Daniela Dini, Fernanda Veiga

Iluminação: Décio Filho

Assistente de iluminação: Manuel de Oliveira

Vídeo Instalações: Marcio marques

Cenografia: Jorge Constantino

Figurino: Marina Reis

Preparação vocal: Beatriz Thomaz

Preparação corporal: Gustavo Torres

Orientação de pesquisa: Marcio Marques


Um comentário:

  1. Alô a todos...faltam os créditos cabíveis tanto aos intérpretes quanto ao fotógrafos..vcs podem começar a dar crédito a mim, por exemplo, que figurino no vídeo bem como em foto. Meu nome é Flavia Spinardi e dancei na parte uterina do Oco, com o figurino de plástico ( corcelet e calcinha). A fotógrafa é Alexandra arakawa. Um abraço na certeza de que o blog será atualizado

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