3 de jul. de 2001

A trilogia do Minotauro

A Trilogia do Minotauro é composta pelos espetáculos Oikos (2002), Metoikos – aquele que mora na casa do outro (2004) e Prototypós (2006).

Com o aprofundamento das pesquisas sobre a ocupação e transformação do espaço e a construção de células dramatúrgicas pelos performers em cena, o grupo chega à forma da performance-instalação. Nela, a cena acontece na potencialização da relação entre o intérprete, o espaço e o público.

Chega-se também ao mito do Minotauro, trazendo como focos temáticos a natureza do corpo e o labirinto como referência para a construção espacial da urbes. Este tema surge da poesia Diterambos Dionísicos de Nietzsche e das relações que este estabelece com as escolhas de Ariadne e as conseqüências da vitória de Teseu, beligerante herói civilizador, para a cultura e urbanismo no Ocidente. Com sua cabeça de animal e corpo humano, o Minotauro inverte a lógica entre racionalidade e instinto, aludindo ao corpo como labirinto de sensações, conexões, veias, sinapses, estímulos e impulsos: a luta dual entre natureza e civilização. Um monstro com corpo de homem, oculto numa elaborada construção sem portas, janelas ou teto, onde qualquer um pode se perder para sempre. O labirinto é pura desorientação, o ponto dinâmico de onde parte o esforço para configuração de relações que criam o espaço: a origem da arquitetura.