Ocupando o Espaço Cênico Ademar Guerra, no Centro Cultural São Paulo, PolísSemos é uma metáfora da própria urbanidade, da polis contemporânea e seus simulacros, excrementos, reciclagens, simultaneidades. Aqui o corpo é revelado em sua materialidade primeira e o espectador é também transeunte multiplicado da metrópole. O excesso é o tom, num clima de excitação e polissemia. A cenografia se remete aos acúmulos: lixo, luxo, pessoas, prédios, uma grande área coberta por lonas coloridas lembra as sombras de Regina Silveira. Outra floresta, composta por restos de tecidos das fábricas do Brás, abriga a performance de Nininha Araújo, sobre as transformações que o tempo determina em nossos corpos.
Em PolísSemos, o homem se revela em suas necessidades básicas e desejos, poder e comunicação. Vídeos exibem continuamente atos humanos de comer, beijar, falar, defecar, copular, organizados em televisões velhas colocadas umas sobre as outras, como janelas de apartamentos. A solidão da grande metrópole é vislumbrada em personagens que vagueiam sem rumo, ao som de uma big band de experimentações sonoras sobre A Sinfonia, de Luciano Berio, sons incidentais, músicas tradicionais e de John Coltrane. Os elementos cênicos, vídeos e iluminação compõem este espaço-instalação-performático que possibilitam caminhos de ir e vir: diferentes pontos de observação em uma temporalidade cênica sem hierarquias, onde tudo acontece ao mesmo tempo. Cenas são feitas e desfeitas constantemente e cabe ao espectador eleger o seu ponto de vista em meio a essa multiplicação de signos e sentidos.
PolísSemos foi contemplado com o I Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura, em 2007. Como parte deste projeto, foram também realizadas oficinas simultâneas de Criação Coreográfica, Cenografia, Vídeo e Música, nas Oficinas Culturais Amacio Mazaroppi (OCOA) e Oswald de Andrade (OCAM). Estas oficinas culminaram em um percurso performático: Do Brás à Luz: duas instalações e um percurso, Esta experiência cênica foi posteriormente desenvolvidos no espetáculo PolísSemos.
Ficha Técnica:
Concepção e Direção: Maria Mommensohn
Assistente de direção: Paulo Petrella
Direção cenográfica e de figurino: Davi Schumaker
Assistente de cenografia: Ricardo Escudero
Vídeo Instalações: Márcio Marques
Assistente de vídeo: Ricardo Escudero
Direção musical: Téo Ponciano
Iluminação: Décio Filho
Assistente de Iluminação: Manuel de Oliveira
Músicos: Carlos Silva, Lennon Fernandes, Jessé Siqueira, Beatriz Tomaz, João Leão, Klaus Wernet
Performers: Camila Paes, Fabíola Camargo, Fernando Delabio, George Sander, Márcio Marques, Renato Rodrigues, Sandra Corradini, Suzana Schmidt
Performer convidada: Nininha Araújo
Elenco do ateliê de criação coreográfica: André Leme, Poliana Lima, Eugênio Bruck, Gildarte Oliveira, Maria Paula Pessoa, Thais Ponzoni, Vanessa Carvalho.
Fotos: Marcos Gorgatti, Ricardo Escudeiro e Sonia Parma