25 de out. de 2011

Poeira

O sax alto de John Coltrane em Stardust traz a imagem do som que se expande no espaço entre o desejo do som e sua potência, realização. Ouvir Stardust é confirmar a existência do gesto profundamente humano de aproximar-se dos sentidos que surgem no contato com outros humanos. O tímpano, como uma membrana permeável e sensível faz vibrar as carnes e os afetos, dando origem ao universo do contágio.

Stardust, Poeira de Estrela, é a imagem que melhor traduz a experiência do existir na imensidão do universo. Algumas notas e somos repescados de nossa ausência cotidiana e lançados no interior de nossos corpos carnais. O som penetra não só pelos tímpanos mas impregna os músculos e agita a mente trazendo para o presente a sensação de vida. Poeira de Estrela é como podemos descrever o susto da consciência.

O grupo Minik Momdó acaba de concluir o projeto OcO através de três programas consecutivos de apoio à pesquisa em dança contemporânea: 4ª edição do Programa de Fomento à Dança da cidade de São Paulo, Programa de Ação Cultural (PAC) do Estado de São Paulo e Prêmio Klauss Vianna / MEC-Funarte. Esta sequência de apoios proporcionou ao grupo o aprofundamento da experiência da coletividade. Um grupo, como poeira, que se reune em função de afinidades, de tempo e espaço. Uma concretude que não perdura porque é gesto, imagem, som, que tão logo surgem já se transformam em outra forma no espaço em que se produzem, formas que tiveram a continuidade dos programas citados.

OcO permitiu ao grupo experimentar a metamorfose da forma, embora sempre os mesmos elementos fossem usados e houvesse um roteiro, um coletivo e cada lugar alterando a lógica do desenvolvimento dramático, o sentido mudando de lugar. Também em OcO ficou clara a região de cada linguagem e suas relações espaciais. As fronteiras se diluíram em planos de imagens sobrepostas, gerando campos de ação e polarizações.

A continuidade do projeto OcO alavancou um processo múltiplo de investigações paralelas e confluência de tema, um mergulho nas qualidades artísticas de seus participantes. Poeira de Estrela é o desenvolvimento natural para a experimentação de linguagens distintas, planos de ação integrativos mas individualizados na realização material e poética: um jogo de dados, como diria Mallarmé.

Maria Mommensohn



A condução de Maria Mommensohn sempre estimulou um florescimento contínuo e diversificado, característica que define hoje o perfil essencial do grupo. Agora percebemos o momento dessas potencialidades se especificarem em caminhos variados e simultâneos. A multiplicidade sempre foi marcante em nossa constituição e proposta, tanto com relação ao conteúdo temático quanto à encenação e à metodologia de criação. Esse processo rizomático se explicitou, tanto no tema quanto na encenação do espetáculo PolísSemos, já havendo despontado na Trilogia do Minotauro, percorrendo toda a nossa história. É a partir desta perspectiva que propomos o desenvolvimento de núcleos dentro do grupo, como uma oportunidade de otimizar a oportunidade criativa com experiências distintas e simultâneas.

Organizado em quatro núcleos, o Minik Momdó desenvolverá quatro trabalhos artísticos independentes que, de certo modo, formam um panorama dos interesses do grupo. Todos giram entorno de um mesmo eixo central, mantendo pontos de contato e de inspiração comuns, a Teoria Geral dos Sistemas, cujo estudo será conduzido por meio de palestras abertas pelo Prof. Dr. Jorge Albuquerque. Cada núcleo buscará seu próprio viés e tradução artística do conteúdo discutido, orientados por suas especificidades de escolha quanto à temática e buscas no universo da arte.


Escamando - Dani Dini
Olho - Marcio Marques
Quanta - Suzanha Schimidt
Casamento com Deus - Andrès Perez Barrera

3 de mar. de 2011

Olho




A proposta inicial deste trabalho de pesquisa é estudar a relação do corpo com sua própria imagem através de vídeo instalações, aproximando a dança das artes visuais. O desdobramento seguinte é a multiplicação das imagens criadas nas instalações por outras mídias e autores.


A concepção original deste projeto surgiu do interesse em pesquisar as diferentes concepções de corpo encontradas na história da arte, e também em rever o início do desenvolvimento da linguagem audiovisual, especificamente a transição entre a fotografia e o cinema, além de investigar os jogos ilusionistas conseguidos com reflexos, sombras e espelhos que compunham os efeitos especiais do teatro neste período. As pesquisas de visionários do século XIX, como Daguerre, Marey e Muybridge, marcadas pelo desenvolvimento tecnológico, explicitando a visão de mundo que formavam essas primeiras imagens, inauguraram uma nova visualidade que liberou a arte para outros modos de representação do real. As instalações colocam o corpo neste contexto, em que a imagem se forma num cruzamento entre o científico e o imaginário. Nosso tema se configura então como um jogo entre a visão e a aparência do corpo, o que nos leva às idéias de auto-imagem, propriocepção e fetichismo.


A estrutura inicial do projeto é um conjunto de video-instalações imersivas concebidas especialmente para dança. A presença física de um corpo é imprescindível para o funcionamento das instalações, criando circuitos fechados que interferem poeticamente na arquitetura. A criação de visualidades híbridas e efêmeras, visíveis apenas pelo jogo de espelhamento entre máquina e corpo, visa relativizar a individualidade e enfatizar os aspectos relacionais do corpo. O objetivo principal é estabelecer um campo expressivo entre o corpo, a tecnologia e o espaço, meios entre os quaisa visualidade se forma.


As instalações serão ocupadas em apresentações de dança que serão tomadas como ponto de partida para que desenhistas, fotógrafos e video-makers produzam trabalhos pessoais, estendendo o instante fugidiu da dança a outros suportes. Estes trabalhos irão compor uma exposicão que acompanhará as apresentações como um cenário em work in progress, num procedimento acumulativo em que diversos pontos de vista e modos de representação se sobrepõe ao acontecimento da dança.


Executar o OLHO no espaço expositivo da Galeria Olido confere ao projeto um caráter de site-specific, uma vez que relaciona as duas atividades artisticas as quais o prédio da sede da Secretaria Municipal de Cultura se dedica: o corpo, em relação à dança e a visão, em relação às artes visuais


Este projeto ocupou a sobre-loja do espaço expositivo da Galeria Olido de 10 a 14 de novembro. Permancencendo aberto a visistação do público, como uma exposição de artes visuais a partir das 10hs. Entre as 13hs e 16hs, performers convidados realizaram intervenções pontuais, e as video-instalações foram disponibilizadas para interação do público. As apresentações de dança ocorreram neste mesmo espaço as 19hs.


Uma segunda temporada foi realizada entre os dias 22 de março e 27 de abril, as terças e quartas no 4º subsolo do Sesc Pinheiros no projeto para sites specifics Fora do Palco, sendo adequado às especificiades expressivas da arquitetura em questão.


Uma adaptação para TV foi ao ar diariamente no programa Dança Contemporanea da TV Sesc entre os dias 17 e 22 de agosto.


O processo de pesquisa esta disponivel on line no blog:

http://processocriativoolho.blogspot.com


E os trabalhos desenvolvidos pelos artistas plásticos convidados esta disponivel no blog:

http://desdobramentosolho.blogspot.com




















Fotos: LabDivino, Patricia Alegre, Gislaine Costa

Ficha Técnica


Concepcão e direção geral: Marcio Marques

Produção: Gisele Pennella

Produção executiva: Daniel Barra

Preparação corporal e coreografia: Anderson Gouvêa

Intérpretes criadores: Anderson Gouvêa, Beatriz Tomaz, Estefano Romani, Leonardo D’Aquino, Marcio Marques

Trilha sonora original: Beatriz Tomaz e Pipo Pegoraro

Participação em piano: Rodrigo Reis Rodrigues

Iluminação: Simone Donatelli

VJ: Ninguem

Assistente de video e de coreografia: Patricia Alegre

Figurino: Marina Reis

Cenotécnico e assistente de producão: Marcus Filomenus

Design gráfico: Fernando Sciarra

Foto still: Patricia Alegre

Consultoria de pesquisa: Rodrigo Reis Rodrigues e Jorge Albuquerque



1 de mar. de 2011

Nijinski


Nijinski - Casamento com Deus 


O espetáculo aborda questões que estão vinculadas à genialidade, à arte e à espiritualidade. Mais nos ocupa o que Nijinski “significa” enquanto alma ou personalidade singular do que o que ele representa enquanto figura para o mundo do espetáculo, “O Deus da dança”, a “estrela des Ballets Russes”.

Sua personalidade tinha a força estrondosa de um buraco negro, cuja potência pode irradiar-se com ousadia e intrepidez, atraindo pra si magneticamente a admiração atônita de todos, ou absorver com igual intensidade as questões mais caóticas e desafiadoras que o mundo a sua volta propôs ao seu tempo. Questões essas que ainda hoje se colocam perante o mundo, ainda hoje sem resposta, e que o devoraram, levando-o ao ponto da auto-implosão. Esta potência paradoxal é o ponto de partida para a pesquisa iniciada em 2008 e que sustenta a atualidade deste projeto.

A estrutura central da pesquisa foram os textos dos "Cadernos" que ele escreveu sob orientação psiquiátrica e que foram publicados segundo seus intuitos messiânicos, os livros “Nijinski”, de sua esposa Romula Nijinski, e “O Outsider”, de Collin Wilson; também a produção plástica do próprio Nijinksi, como também de outros artistas que o retrataram.As mudanças que Nijinski como artista desencadeou no desenvolvimento da dança, seu caráter performático frente à dança clássica, utilizando-se inclusive do improviso em cena, deflagrando uma concepção nova do espaço, inauguraram a modernidade na dança. Com esta mesma potencialidade visionária é que ele apresenta uma concepção metafísica do homem em seus escritos e na cena. Assim, além de uma figura capital dentro da história da dança, de um bailarino insuperável e de um coreógrafo incompreendido, tratamos também de um homem genial, que anteviu as conseqüências desastrosas do processo de industrialização que vivenciamos em nosso tempo, e que trouxeram claros reflexos para o corpo e para o movimento, não apenas dentro do universo da dança ou da arte, mas da própria vida.O foco está em sua vivência interna, na etapa introspectiva de sua vida, em que abandona a arte para afastar-se do mundo, retirando-se em Saint-Moritz para aproximar-se de Deus.

O corpo, a dança e a gestualidade, a inter-relação destes com o espaço cênico e sua topografia, são alguns dos elementos escolhidos para estabelecer um prolongamento possível das idéias de Nijinski, imagens cênicas das suas concepções de morte, medo, loucura, amor, da própria humanidade e de Deus. Retratar a sua mente - que Nijinski dizia tirar-lhe o foco do sentir, afastando-o da vida, do amor e da espiritualidade - é o que, paradoxalmente, nos permite, através das palavras e pensamentos que deixou, percorrer o caminho inverso e nos aproximar do seu ser.

Mais no blog :

http://nijinskicasamentocomdeus.blogspot.com/

3 de set. de 2010

Quanta



"Quanta: o jogo-instalação, a experiência estética e a maneira de ser e estar no mundo das crianças pequenas"


O Núcleo Quanta propôs uma pesquisa artístico-pedagógica com o foco na construção e intervenção no espaço e sua exploração por crianças na faixa etária dos zero aos quatro anos, investigando o conceito de "jogo-instalação". Ao aproximar o movimento da própria criança pequena ao interagir esteticamente com os elementos da cena (espaço, luminosidade, som e intérpretes), buscou a construção de um espetáculo vivo, invisível, que se criava e recriava constantemente. A cada processo de interferência e destruição a cada visita, o sentido encontrado para a utilização dos materiais em cena se renovava. E a cada surpresa encontrada nas relações entre crianças e dançarinos, o sentido da atuação também se renovava. Cada visita era radicalmente diferente da outra e repleta de possibilidades cênicas, lúdicas e vivenciais. Em um espetáculo compreendido como "Jam session", a criança era, ao mesmo tempo, espectadora e jogadora, ampliando a vivência da instalação e desafiando a uma nova compreensão lúdica da dança e do espaço.


Propusemos, nesta experiência, ampliar os campos de pesquisa, o pensamento e a práticas das artes cênicas com crianças pequenas. Trazemos como foco de debates, por um lado, a própria concepção cênica: o jogo-instalação, o espetáculo como Jam session, o espaço relacional e os ecossistemas cênicos. Por outro, a experiência do intérprete em cena com as crianças: a construção do jogo, o estar em um espaço cênico que se reconfigurava a todo momento, o corpo e o movimento do intérprete em relação a esse devir criança.


Aliado a isso, tínhamos o desejo de descentralizar a produção cultural da cidade de São Paulo, abrindo a possibilidade de novos diálogos e novos olhares sobre a construção e a vivência da obra artística. Em parceria com a coordenação de cultura do CEU Perus e com a CEI CEU Perus, realizamos, além de um workshop preparatório para os professores, uma temporada de três semanas em novembro de 2010, com 21 apresentações para cerca de 250 alunos e 50 professores da CEI-CEU Perus (periferia oeste de São Paulo). Trabalhar artisticamente na periferia significa abrir pontes e conexões entre universos estruturais, simbólicos e vivenciais, significa ampliar os sentidos que se dá à produção artística dominante, deslocar-se do centro detentor dos modos de produção e silenciosamente avançar na abertura de diálogos entre saberes artísticos e pedagógicos em regiões onde as restrições estruturais são muito maiores e a representatividade de suas experiências na sociedade é muito menor.


Espetáculos-visitações no CEU Perus, no foyer do teatro,

de 04 a 17 de novembro de 2010.




















Ficha Técnica:


Concepção e Direção: Suzana Schmidt

Assistente de Direção e Produção: Lígia Marina

Dançarinos: Lígia Marina e Paulo Petrella

Preparação corporal: Ana Thomaz

Cenografia: Fábio Markoff

Direção musical, composição e arranjos: Guilherme Furtado

Video-cenografia: Marcio Marques e VJ Ninguém

Intervenção de Luz: Décio Filho

Figurinos: Lucas Oliveira

Fotos: Lucas Oliveira

2 de set. de 2010

Escamando

A morte é o tema que inspira a criação do espetáculo intitulado “Escamando”. O título deste trabalho faz referência a uma das lendas que compõem o imaginário popular: às vezes, acontece de surgir no céu uma estranha e entrecortada formação de núvens ralas. Em dias assim, os antigos costumam dizer que o céu ‘escama’ – é sinal de que alguém vai morrer. Também é o próprio processo da pele que escama para dar lugar às novas peles.

O espetáculo une processos autobiográficos com a liturgia presente no Bumba Meu Boi, no qual a morte simbólica do boi é entendida como principio de continuação da vida. A pesquisa parte da inter-relação desses dois universos, e é abastecida com estudo de autores da filosofia como Cioran Emil e pesquisa antropológica em diversas culturas que ajudam a contrapor e abrir o leque de significados acerca do tema. Portanto, essa morte é entendida de várias maneiras, como memórias do passado inscritas numa parede desbotada, que um dia foi de cores vivas. Tudo escama, a pele, a parede, a memória... só restando uma imagem quase apagada de lembrança, mas que detém uma ambivalente vivacidade. O espaço e o tempo se confundem nessa lembrança.

A composição possui 8 núcleos centrais tendo como fio condutor a mudança de estados corporais de um para outro. O tema morte está metaforizado no limite dos “entre” núcleos. A partir deles será realizado o direcionamento temático dos interpretes criadores.

A dramaturgia e o roteiro, portanto, estão baseados na transformação do ESTADO CENICO.

A voz é uma das pilastras desse trabalho e inspira-se nos ‘aboios’ –(cantos dos vaqueiros no transporte da boiada de uma região para outra). Esta construção não se dá através da colagem de repertório, mas sim da releitura e re-significação destes conteúdos sonoros. Também se estende à integração entre o movimento dançado e a sonoridade, um alicerçando e suscitando o outro. Da interação entre estas duas dimensões expressivas vai se construindo um espaço onde os limites do corpo e do som se diluem e o que se tem é, simplesmente, a atmosfera (Estado cênico). São esses amálgamas entre o corpo sonoro e o corpo motor – que geram as oposições e tensões motivadoras das mudanças de estado cênico. Portanto, o enredo de estados corporais, suas transformações durante a ação cênica, metaforizam as pequenas mortes e o que surge são novas configurações de cena.

Toda a configuração do espetáculo se dá no corpo e na voz, o cenário é composto basicamente da exploração da luz e da sombra e o figurino explora o corpo e suas formas, ora tendo transparências, ora rasgos que expõe algumas partes que são exploradas nas coreografias, como costelas e escápulas.


6 de jun. de 2009

Oco



OcO é o resultado de uma pergunta: o que está entre, no meio disto e daquilo, entre este e aquele. É uma visão sobre a materialidade do corpo, dos movimentos, do som, da luz, num ambiente gerado pelos mesmos sons, luzes, movimentos e corpos. Onde se encontra o limite, a borda que determina o existir de alguma coisa?

O grupo Minik Momdó responde a esta questão com um trabalho no qual o humano passa a ser o oco possível de se experimentar. Não há outro aparelho para traduzir a realidade, apenas o corpo e sua história, suas representações e sensações, um corpo envolto em cascas e roupas, enfeitado de gestos e coisas. O OcO do humano é seu som, sua voz ressonante. As palavras são gestos da mente que surgem do oco do corpo. Num tempo de aceleração dos meios de comunicação e expressão, o silêncio da escuta é o OcO possível e dentro dele o oco vazio da existência circunstanciada. Moldes, próteses, imagens, modas, pensamentos e embalagens são o invólucro da insubstancialidade do humano.

Retornando ao tema da procissão em Véus, o espaço aqui se relativiza, sendo o foco que gera a própria dança. Os elementos cênicos nos remetem ao universo celular da reprodução de formas simples, no âmbito da natureza da matéria, no tom da potência para a luz: branco ou o brilho colorido do plástico que usamos no cotidiano e que imprime em nossos gestos uma logomarca, um invólucro que nos identifica e se imbrica em nossa imagem subjetiva. Cenas coletivas acontecem num espaço branco, que se colore nas cenas individuais.

Explorando a linguagem híbrida da instalação, o espetáculo se apresenta em cenas simultâneas e interações que determinam um espaço fragmentado pela percepção possível de um processo entrópico de criação. Excesso e acaso são os elementos constitutivos desta versão da realidade das culturas - no sentido biológico das bactérias e fungos - e das civilizações.

OcO estreou em 2009 e foi apresentado em vários municípios do estado de São Paulo ao longo do ano, tendo sido contemplado pela III edição do Programa de Fomento à Dança da cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura, pelo Programa de Ação Cultural (PAC) da Secretaria de Estado da Cultura e Premio Klauss Viana Funarte/ Ministério da Cultura 2008.












Ficha Técnica:

1ª. montagem:

Concepção e direção: Maria Mommensohn

Iluminação: Décio Filho

Figurinos: Marina Reis

Cenografia: Jorge Constantino

Música original: Caco Faria, Beatriz Thomaz, Fernanda Veiga, Alan Scherk

Vídeo Instalações: Márcio Marques

Performers: Andrés Perez Barrera, Eugênio Bruck, Fabíola Camargo, Fernando Delabio, Gustavo Torres, Leonardo D'Aquino, Luis Carlos Zabel, Mariana Delgado, Thaís Ponzoni, Vanessa Carvalho, Marcio Marques


Montagem PAC:

Concepção e direção: Maria Mommensohn

Performers: Andrés Pérez Barrera, Gustavo Torres, Leonardo D'aquino, Marcio Marques, Samarone Gonçalves

Participação em vídeo: Júlia Moretti, Letícia Scalise

Trilha sonora: Caco Fariz, Beatriz Thomaz, Fernanda Veiga

Cantoras: Beatriz Thomaz, Daniela Dini, Fernanda Veiga

Iluminação: Décio Filho

Assistente de iluminação: Manuel de Oliveira

Vídeo Instalações: Marcio marques

Cenografia: Jorge Constantino

Figurino: Marina Reis

Preparação vocal: Beatriz Thomaz

Preparação corporal: Gustavo Torres

Orientação de pesquisa: Marcio Marques


6 de jun. de 2007

PolísSemos


Neste espetáculo o grupo aprofunda a pesquisa teórica e cênica sobre o Labirinto, iniciada com a Trilogia do Minotauro. Aqui o labirinto de Dédalus desdobra-se em arquitetura, cidade, construção, ruas, percursos e a multiplicidade de sentidos que surgem a partir de seus habitantes e transeuntes.

Ocupando o Espaço Cênico Ademar Guerra, no Centro Cultural São Paulo, PolísSemos é uma metáfora da própria urbanidade, da polis contemporânea e seus simulacros, excrementos, reciclagens, simultaneidades. Aqui o corpo é revelado em sua materialidade primeira e o espectador é também transeunte multiplicado da metrópole. O excesso é o tom, num clima de excitação e polissemia. A cenografia se remete aos acúmulos: lixo, luxo, pessoas, prédios, uma grande área coberta por lonas coloridas lembra as sombras de Regina Silveira. Outra floresta, composta por restos de tecidos das fábricas do Brás, abriga a performance de Nininha Araújo, sobre as transformações que o tempo determina em nossos corpos.

Em PolísSemos, o homem se revela em suas necessidades básicas e desejos, poder e comunicação. Vídeos exibem continuamente atos humanos de comer, beijar, falar, defecar, copular, organizados em televisões velhas colocadas umas sobre as outras, como janelas de apartamentos. A solidão da grande metrópole é vislumbrada em personagens que vagueiam sem rumo, ao som de uma big band de experimentações sonoras sobre A Sinfonia, de Luciano Berio, sons incidentais, músicas tradicionais e de John Coltrane. Os elementos cênicos, vídeos e iluminação compõem este espaço-instalação-performático que possibilitam caminhos de ir e vir: diferentes pontos de observação em uma temporalidade cênica sem hierarquias, onde tudo acontece ao mesmo tempo. Cenas são feitas e desfeitas constantemente e cabe ao espectador eleger o seu ponto de vista em meio a essa multiplicação de signos e sentidos.

PolísSemos foi contemplado com o I Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura, em 2007. Como parte deste projeto, foram também realizadas oficinas simultâneas de Criação Coreográfica, Cenografia, Vídeo e Música, nas Oficinas Culturais Amacio Mazaroppi (OCOA) e Oswald de Andrade (OCAM). Estas oficinas culminaram em um percurso performático: Do Brás à Luz: duas instalações e um percurso, Esta experiência cênica foi posteriormente desenvolvidos no espetáculo PolísSemos.



















Ficha Técnica:


Concepção e Direção: Maria Mommensohn

Assistente de direção: Paulo Petrella

Direção cenográfica e de figurino: Davi Schumaker

Assistente de cenografia: Ricardo Escudero

Vídeo Instalações: Márcio Marques

Assistente de vídeo: Ricardo Escudero

Direção musical: Téo Ponciano

Iluminação: Décio Filho

Assistente de Iluminação: Manuel de Oliveira

Músicos: Carlos Silva, Lennon Fernandes, Jessé Siqueira, Beatriz Tomaz, João Leão, Klaus Wernet

Performers: Camila Paes, Fabíola Camargo, Fernando Delabio, George Sander, Márcio Marques, Renato Rodrigues, Sandra Corradini, Suzana Schmidt

Performer convidada: Nininha Araújo

Elenco do ateliê de criação coreográfica: André Leme, Poliana Lima, Eugênio Bruck, Gildarte Oliveira, Maria Paula Pessoa, Thais Ponzoni, Vanessa Carvalho.

Fotos: Marcos Gorgatti, Ricardo Escudeiro e Sonia Parma