"Quanta: o jogo-instalação, a experiência estética e a maneira de ser e estar no mundo das crianças pequenas"
O Núcleo Quanta propôs uma pesquisa artístico-pedagógica com o foco na construção e intervenção no espaço e sua exploração por crianças na faixa etária dos zero aos quatro anos, investigando o conceito de "jogo-instalação". Ao aproximar o movimento da própria criança pequena ao interagir esteticamente com os elementos da cena (espaço, luminosidade, som e intérpretes), buscou a construção de um espetáculo vivo, invisível, que se criava e recriava constantemente. A cada processo de interferência e destruição a cada visita, o sentido encontrado para a utilização dos materiais em cena se renovava. E a cada surpresa encontrada nas relações entre crianças e dançarinos, o sentido da atuação também se renovava. Cada visita era radicalmente diferente da outra e repleta de possibilidades cênicas, lúdicas e vivenciais. Em um espetáculo compreendido como "Jam session", a criança era, ao mesmo tempo, espectadora e jogadora, ampliando a vivência da instalação e desafiando a uma nova compreensão lúdica da dança e do espaço.
Propusemos, nesta experiência, ampliar os campos de pesquisa, o pensamento e a práticas das artes cênicas com crianças pequenas. Trazemos como foco de debates, por um lado, a própria concepção cênica: o jogo-instalação, o espetáculo como Jam session, o espaço relacional e os ecossistemas cênicos. Por outro, a experiência do intérprete em cena com as crianças: a construção do jogo, o estar em um espaço cênico que se reconfigurava a todo momento, o corpo e o movimento do intérprete em relação a esse devir criança.
Aliado a isso, tínhamos o desejo de descentralizar a produção cultural da cidade de São Paulo, abrindo a possibilidade de novos diálogos e novos olhares sobre a construção e a vivência da obra artística. Em parceria com a coordenação de cultura do CEU Perus e com a CEI CEU Perus, realizamos, além de um workshop preparatório para os professores, uma temporada de três semanas em novembro de 2010, com 21 apresentações para cerca de 250 alunos e 50 professores da CEI-CEU Perus (periferia oeste de São Paulo). Trabalhar artisticamente na periferia significa abrir pontes e conexões entre universos estruturais, simbólicos e vivenciais, significa ampliar os sentidos que se dá à produção artística dominante, deslocar-se do centro detentor dos modos de produção e silenciosamente avançar na abertura de diálogos entre saberes artísticos e pedagógicos em regiões onde as restrições estruturais são muito maiores e a representatividade de suas experiências na sociedade é muito menor.
Espetáculos-visitações no CEU Perus, no foyer do teatro,
de 04 a 17 de novembro de 2010.
Ficha Técnica:
Concepção e Direção: Suzana Schmidt
Assistente de Direção e Produção: Lígia Marina
Dançarinos: Lígia Marina e Paulo Petrella
Preparação corporal: Ana Thomaz
Cenografia: Fábio Markoff
Direção musical, composição e arranjos: Guilherme Furtado
Video-cenografia: Marcio Marques e VJ Ninguém
Intervenção de Luz: Décio Filho
Figurinos: Lucas Oliveira
Fotos: Lucas Oliveira
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